Tuesday, March 15, 2016

Uma máquina de zumbis chamada Hollywood


Charge de Pedro Leite

Hollywood é a maior máquina de propaganda que a raça humana já viu, e essa máquina é a grande ferramenta ideológica do imperialismo. Se quiseres ter tua própria opinião e buscar sempre a verdade, então rejeite festivais ou prêmios corporativistas como o Oscar; Hollywood faz mal ao teu intelecto. A arte deveria ser algo puro que mexesse com cada pessoa de uma forma especial, afinal, arte não é (ou não deveria ser) mercadoria. Talvez você já tenha percebido, o maior veículo de propaganda pró-EUA é justamente Hollywood; quase todo o filme, por pior que ele seja, sempre alguma mensagem subliminar aparece em momentos importantes da trama, como alguma bandeira dos EUA visível aos espectadores, ou algum outro óbvio símbolo do país sendo mostrado como a representação do bem que salva a humanidade da tragédia ou de alguma grave ameaça. O imperialismo cultural é uma questão estratégica para os EUA, por isso a política domina a arte em Hollywood.

Os EUA sempre agiram com extrema intolerância para garantir que a sua doutrinação permaneça forte em seu território. A indústria cultural sempre foi um veículo muito utilizado para doutrinar. Todos são induzidos a venerar os valores dos EUA, o “American way of life”, o capitalismo ou o militarismo. Até no processo burocrático para conceder o visto de residente no país, qualquer pessoa que pleteie tal permissão terá que jurar não ser membro de um Partido Comunista, nem ter simpatias anarquista ou defender intelectualmente alguma organização considerada “terrorista”. Se a pessoa responder que sim a qualquer destas perguntas, será automaticamente negado o direito de viver e trabalhar nos EUA por “prova de fraco carácter moral”. Vigiar incessantemente a “moral” do povo ainda é uma tarefa importante para os EUA, desde os tempos do macartismo. O Comitê de Atividades Anti-Americanas do Congresso, liderado pelo senador Joseph McCarthy promoveu uma verdadeira caça às bruxas na busca por pessoas ou obras subversivas. 

Com a ascensão do macartismo nos Estados Unidos, diversos atores e músicos foram perseguidos e acusados de serem comunistas. O ator e diretor britânico Charles Chaplin foi uma das pessoas que sofreram duramente com o macartismo. Por seu posicionamento político, Chaplin foi incluído na Lista Negra de Hollywood. Acusado de propagar a ideologia comunista e criticar o capitalismo em seus filmes, foi expulso dos Estados Unidos e teve seus bens materiais todos confiscados pelo governo. Outras pessoas que sofreram com o macartismo tiveram um fim trágico, muitas se suicidaram e outras ficaram na absoluta miséria. E essa política estérica não se restringiu apenas à industria do entretenimento. No ano de 1950, o físico inglês Klaus Fuchs, membro da equipe dos Estados Unidos que pesquisava a energia atômica, foi duramente perseguido pelo FBI. A perseguição ocorreu quando se descobriu que o físico era membro do partido comunista – o governo norte-americano acusava-o de repassar informações para os soviéticos.

A Lista Negra de Hollywood foi uma lista mantida pela indústria do entretenimento estadunidense com nomes de roteiristas, atores, diretores, músicos e demais artistas para boicotar simpatizantes do Comunismo e negar-lhes emprego. Para entrar na lista bastava defender ideias de esquerda entre conhecidos. Muitos membros da lista foram acusados por colegas, e alguns, comprovadamente sem ligações ao comunismo soviético. A lista arruinou a carreira de muitos profissionais e colaborou para moldar o sentimento anti-comunista no público. O cineasta turco, radicado nos EUA, Elia Kazan ficou conhecido por denunciar grande parte dos que integraram a lista, posteriormente ele recebeu uma medalha do governo estadunidense por serviços prestados ao país. Sobre ele, Orson Welles teria dito: "Kazan trocou a alma por uma piscina".


O filme A Ponte do Rio Kwai foi baseado no romance do francês Pierre Boulle Le pont de la rivière Kwai de 1952. Os autores do roteiro, Carl Foreman e Michael Wilson, estavam na "lista negra" de Hollywood, acusados de pertencer a organizações comunistas, pelo que tiveram de trabalhar secretamente, e sua contribuição não foi credenciada na primeira versão. Por essa razão, o prêmio Oscar ao melhor roteiro adaptado foi concedido unicamente a Pierre Boulle, autor do romance original, que nem sequer falava inglês. O filme Argo narra um fato secundário da Revolução Iraniana a fim de exaltar o papel dos EUA que foram humilhados no processo real. O canastrão Ben Affleck, como diretor, fez um filme de propaganda que distorce os fatos em sua tentativa de apresentar o agente da CIA Tony Mendez como a pessoa que trabalhou nos bastidores para realizar uma fuga. Na época, em uma entrevista para o jornalista Piers Morgan, o ex-presidente Jimmy Carter, afirmou que “90% do plano foi dos canadenses”, mas o filme “dá crédito quase completo à CIA”. Em vez de apresentar um relato honesto de uma missão de resgate, que o embaixador canadense tinha em grande parte planejado e que a CIA só ajudou a executar, Affleck corrompeu a verdade, dando primazia ao envolvimento dos EUA. Ken Taylor afirmou “Tony Mendez ficou um dia e meio no Irã”; Taylor é o ex-embaixador canadense no Irã que realmente arquitetou a fuga dos seis reféns que ele e o primeiro-secretário da embaixada John Sheardown haviam escondido em suas casas. Com “Argo”, um claro exercício de ufanismo estadunidense e imperialismo cultural, Affleck cometeu uma séria fraude. Obviamente não é preciso informar que o filme ganhou um Oscar.


A industria cinematográfica nos EUA, de forma geral, é usada como ferramenta de propaganda que forma ao redor do mundo um verdadeiro exército de zumbis, pois zumbi algum é capaz de raciocinar, de refletir, ou emitir a sua própria opinião. Se isso acontecesse, questionariam o conteúdo propagandista subentendido na maioria dos filmes. Quem não conhece a história pode até achar que os EUA venceram a Guerra do Vietnã, como narra a série Rambo; já no terceiro filme, os Talibãs chegam a ser chamados de "heróis da liberdade" por lutarem contra os soviéticos (vide foto abaixo). Os filmes de western fazem você odiar as vítimas e torcer pelos verdadeiros vilões, pois na vida real não foram os índios que invadiram terras, escravizaram nativos e promoveram genocídios na América do Norte. Hollywood faz mal ao teu intelecto.

Sim, a foto mostra Osama Bin Laden

Saturday, March 5, 2016

O imperialismo nunca escutou a voz de um povo.


Pense um pouco e conte quantas revoluções populares desde o fim do séc. IX não foram abraçadas pela esquerda? Não é a direita que sente a dor de um povo e ouve a sua voz suplicando por mudanças. Kim Il Sung se tornou líder na Coréia, e não apenas no norte, por ser o único líder da resistência antijaponesa que sobreviveu na luta por uma Coreia independente; quem lutou pela formação de uma Coreia unida e livre sempre foram os socialistas, desde os tempo de ocupação japonesa na península.

O imperialismo nunca escutou a voz de um povo, o curso natural da história levaria a uma Coreia socialista e unida, mas os EUA mudaram esse curso, de acordo com as suas conveniências e nada mais. Vejamos que o Japão invade a península coreana e ocupa a região de 1910 a 1945 transformando-a em uma colônia. Esse período foi marcado por muita opressão ao povo nativo, nessa época nasceu o movimento de resistência contra a ocupação japonesa na Coreia que era basicamente formado por socialistas e nacionalistas, entre eles estava Kim Il Sung. Com a derrota na Segunda Guerra e a sua oficial rendição no dia 2 de setembro de 1945, o Japão perdeu todos os seus territórios conquistados. A guerrilha socialista antijaponesa e os movimentos nacionalistas da Coreia criaram Comitês Revolucionários por todo o país, os quais se reuniram em assembleia em Seul e proclamaram a República Popular da Coreia em 6 de setembro de 1945. Dois dias depois, os americanos desembarcaram e ocuparam o sul da Coreia, enquanto dissolviam os Comitês, efetuavam prisões e traziam dos EUA Syngman Rhee para formar um governo apoiado por notáveis pró-japoneses. Rhee rapidamente organizou esquadrões da morte para eliminar ou intimidar os políticos rivais. No norte, manteve-se então a República Popular, liderada pelo jovem comunista Kim Il Sung, e foi implementada uma reforma agrária que consolidou o apoio ao regime. Uma comissão da ONU declarou Syngman Rhee governante do sul, apesar da violência política. Três anos após a divisão da península coreana (sul capitalista e norte socialista) muitas revoltas populares eclodiram no sul, reivindicando a unificação. Os líderes pró-unificação foram assassinados pela polícia do sul. Em 1948, eclodiram revoltas populares nas províncias sulistas de Yosu e Cheju Do, e líderes moderados pró-unificação foram assassinados, ao passo que os soviéticos, se retiravam do norte, como era previsto nos acordos feitos com o ocidente.

Já em 1950, tropas do sul alegaram ter tomado a cidade de Haeju, no oeste, cruzando a fronteira. Tal ação gerou um combate de larga escala por toda a fronteira, mostrando que foi o Sul que começou a guerra. Nos primeiros meses de 1950, Syngman Rhee tinha ordenado massacres e, posteriormente, crimes de guerra contra cidadãos suspeitos de serem comunistas ou simpatizantes; esses episódios ficaram conhecidos como massacres das Ligas Bodo. Documentos oficiais dos EUA relatam testemunhos de oficiais estadunidenses que presenciaram e fotografaram os massacres. Um episódio, após o início do conflito Norte Sul, foi relatado à Washington, pelo general Douglas MacArthur, no entanto não houve nota oficial da Casa Branca sobre o assunto. A reação do lado norte foi tentar acabar de uma vez por todas com os massacres e consequentemente reunificar a Coreia.

É preciso saber que o povo coreano nunca desejou a divisão do país, mas desde a Conferência de Potsdam, após o fim da Segunda Guerra, os Aliados decidiram, unilateralmente, dividir a península coreana. Os EUA não cumpriram com o acertado na Conferência de Moscou, em 1945, que era permitir a formação de um único governo livre para a Coreia. O veterano diplomada estadunidense George F. Kennan, que estava servindo na embaixada de Moscou, observou em loco, com preocupação, a postura do secretário de Estado dos EUA, James Byrnes, e escreveu no seu diário: "As realidades por trás deste acordo, uma vez que dizem respeito apenas aos coreanos, romenos e iranianos, sobre os quais ele não sabe nada, não dizem respeito a ele. Ele quer um acordo para o seu efeito político em casa. Os russos sabem disso. Eles vão ver que para este sucesso superficial ele paga um preço alto nas coisas que são reais ". Os coreanos foram excluídos de todas as negociações; por isso o norte não se conformou com a divisão arbitrária, contra a vontade do próprio povo coreano, e buscou a reunificação da Coréia.

Com a tomada de Haeju, o norte decidiu responder com a Operação Pokpoong, que contou com 200 mil homens. As tropas do norte cruzaram a fronteira no dia 25 de junho; dois dias depois Syngman Rhee ordenou a evacuação da capital Seul. O avanço rápido das forças norte-coreanas para sul deve-se apenas em parte a razões militares. É, em certo sentido, consequência da falta de apoio popular que o regime de Syngman Rhee tinha. Segundo relata o livro "South to the Naktong, North to the Yalu" (1961), de Roy E. Applemanb, o exército sul-coreano “desintegrou-se”, havendo deserções em massa. Em 28 de junho as tropas do norte tomam a capital do sul, onde 48 integrantes do congresso nacional, declararam lealdade aos socialistas. Temendo que mais tarde os chineses e o soviéticos pudessem intervir militarmente em favor do norte, fazendo com que o conflito tomasse maiores proporções, os EUA entram de vez na guerra. Porém, em 27 de junho, os russos haviam enviado um comunicado indireto dizendo que não interfeririam no conflito da Coreia, abrindo assim uma brecha para os EUA intervirem com tropas sob a bandeira da ONU, para não haver reação das demais potências do mundo comunista. Mas em 18 de outubro de 1950 a China envia 300 mil soldados para a Coreia como resposta a "agressão americana sob o disfarce da ONU".

O conflito durou até 1953, como uma queda de braço onde não se aponta o vencedor. Porém, apesar de milhares de mortes, tudo voltou como era antes de 25 de julho de 1950, com um povo divido contra a sua vontade, uma terra arrasada e repartida, exatamente como os imperialistas sempre quiseram. O imperialismo nunca escutou a voz de um povo. O Norte ficou relegado justamente à porção de terra da península menos fértil, pois a maior parte do solo da região é rochoso, impróprio para a agricultura e durante o rigoroso inverno não é possível colher quase nada do que se produz. Enquanto o norte tinha que superar sozinho os seus desafios, o sul tinha uma realidade menos dura contando com a ajuda externa dos EUA. Os capitalistas do sul receberam como forma de "donativo" mais de 3100 milhões de dólares, apenas entre 1945 e 1961. O valor foi o dobro do que foi recebido pelo trio Bélgica/Luxemburgo/Holanda durante o Plano Marshall, mais de um terço do que a França recebeu e mais de 10% do que a Grã-Bretanha obteve; os "donativos" recebidos pelo sul, entre 1945 e 1961, foram superiores ao total dos empréstimos concedidos pelo Banco Mundial ao conjunto dos países em desenvolvimento, que conquistaram a independência. E isso foi só o começo da ajuda ao sul. Mas o quê o ocidente reservou ao norte? Nada além de canções econômicas e calunias midiáticas. Por quê? Porque o imperialismo nunca escutou a voz de um povo.

Sistema e Babilônia


Há milhões de pessoas pelo mundo que são absolutamente críticas aos sistema capitalista, elas não tem lá muito em comum, estão espalhadas ao redor do planeta, mas vêem no seu dia a dia que o referido sistema é prejudicial à humanidade. Há grupos que tem críticas específicas, interpretações próprias, razões de diferentes naturezas. Os Hippies, por exemplo, foram contra o capitalismo em vários aspectos e pela natureza pacifista do seu ideário, eles eram especialmente contra a vertente militarista do sistema. Os Punks sempre tiveram uma postura mais protestante e agressiva, especialmente se compararmos aos Hippies, e assim como todo anarquista, os Punks sempre foram contra a noção de Estado, propriedade e nação. Quase parecido com as intenções anarquistas, a base política dos Punks, o comunismo critica o capitalismo e também almeja um mundo sem fronteiras, sem classes sociais, sem distinção de etnia, gênero, orientação sexual entre os povos do mundo. Há também a religião Rastafari, movimento que conserva elementos do judaísmo e do cristianismo, nascido na Jamaica do século XX. Os adeptos da religião Rastafari reverenciam a figura de Haile Selassie I, imperador da Etiópia, de 1930 a 1974, como a encarnação do Messias e pregam a adoração do deus Jah, sendo portanto, o próprio Selassie o seu deus na terra.

A questão rasta envolve a sua própria fé na crítica aos sistema capitalista. Essa religião afirma que o povo escravizado nas Américas são os verdadeiros filhos de Israel e precisam despertar essa consciência para voltarem à África, onde está o Monte Sião, "Zion", o paraíso na terra. É por isso que os rastas procuram se manter longe da escravidão, ou seja, do sistema capitalista; pois foi isso que vitimou gerações do povo de Jah na opressão de uma terra distante, escravizadas, longe de "Zion". Não apenas por questões religiosas, mas também como forma de defesa, os rastas seguem um modo de vida longe do capitalismo: se vestem à sua maneira, não cortam o cabelo e evitam aparar a barba, seguem uma dieta quase vegetariana (e nada industrializada), preferem tratamento com ervas medicinais e abdicam de qualquer droga. Em muitos países a maconha é ilegal, mas para os rastas a erva é consumida como fonte de iluminação. O consumo segue um ritual: um grupo se reúne, reza em agradecimento a Jah e só então fuma a planta, que é considerada sagrada.

Percebemos uma interpretação religiosa dos males do capitalismo; anarquistas e comunistas não discordam que o sistema capitalista é escravista, mas a visão rasta se embasa na sua fé. Não há como negar toda a história de um povo, é impossível não entender a posição rasta que, naturalmente, condena a ganância, a exploração e o materialismo que resultou em séculos de comércio escravista na África, condenando inocentes à pena perpetua de escravidão longe da sua terra natal. A fé rasta indica que para chegarem ao paraíso,  os rastas devem rejeitar a sociedade capitalista, a qual chamam de "Babilônia", que é vista como impura e corrupta, um reino em rebelião aos ditames de Jah, o criador. Portanto, não importa se você chama de sistema, ou de Babilônia, a referência é feita para o mesmo mal, o capitalismo. "Babylon must fall"!