Monday, September 28, 2015

"O homem é o lobo do homem"


O homem é o lobo do homem, ou seria o homem é o lobo do homem ruivo? Não entendeu? Então leia o texto até o fim! Talvez ainda haja a ilusão de que a espécie humana, teoricamente considerada mais evoluída, capaz de raciocinar e estando no topo da cadeia alimentar, pudesse se relacionar bem com o seu meio; mas tudo isso não quer dizer absolutamente nada, pois à medida que o ser humano evolui, ele acaba por se desumanizar cada vez mais, e tomado por fúria torna-se o mais cruel predador da sua própria espécie. É possível que ainda nem tenhamos nos tocado mas já somos vítimas de nós mesmos. Vejamos: O individualismo é estimulado pelo capitalismo, que se baseia em crescentes lucros, e os lucros ocorrem quanto há cada vez mais consumo. Devemos entender o “consumismo” como a aquisição de bens totalmente desnecessários para o ser humano, bem como a criação de falsas necessidades. Além de não se satisfazer, o indivíduo acaba por gerar mais lixo e demandar mais exploração de recursos naturais não renováveis.

O consumismo inconsequente gera uma pressão permanente sobre o meio-ambiente e, aliado aos interesses de lucro constante por parte da lógica intrínseca ao sistema, fecha o quadro preocupante para a Humanidade. Toda essa exploração desenfreada, somada a produção colossal de lixo, mais a expansão industrial pelo mundo, só poderia resultar no Aquecimento Global. Achavam o quê? Que não pegaria nada? Séculos fazendo industrialização e tecnologia deitarem e rolarem sobre clima e recursos naturais para tudo terminar numa boa? Claro que não.

O clima tem sofrido alterações significativas no mundo atual, principalmente através da emissão dos chamados gases de efeito de estufa. Sendo que a principal causa destas emissões prende-se com a rápida intensificação da utilização dos combustíveis fósseis (carvão, petróleo e seus derivados, gás natural) desde o início da Revolução Industrial. O fato é que a sociedade de consumo gestada pelo capitalismo nos últimos dois séculos e a sua perspectiva globalizante alcançada desde o final dos anos 80 poderiam nos ajudar a entender o que está acontecendo. O maior inimigo do aquecimento global é o nosso atual modelo econômico.

Como se não bastasse ser o lobo do homem, nós também somos os lobos dos ursos! Involuntariamente estamos matando os ursos polares pois o aquecimento global interfere diretamente na sobrevivência dessa espécie. Esses ursos são encontrados apenas em cinco países: Estados Unidos, Canadá, Rússia, Noruega e Groenlândia. O aquecimento global contribui para o derretimento das geleiras e a diminuição do espaço para que eles se locomovam e, consequentemente, a oferta de comida também decai.

Os ursos polares desaparecerão, mas, por sua vez, surgirão milhões de refugiados ambientais que formaram já no início desse século um quadro calamitoso, porém a sociedade internacional apenas observa inerte a tudo isso. A situação já é grave em alguns lugares, como no caso de Tuvalu, um pequeno arquipélago do Pacífico, entre o Havaí e a Austrália. Por lá a população já sofre com inundações e problemas com a agricultura graças ao aumento do nível do mares. É bastante provável que o arquipélago, em poucas décadas, acabe sendo completamente inundado. Colombo, Carachi e Hanói são algumas das cidades asiáticas mais vulneráveis a inundações provocadas por chuvas intensas, associadas à subida das águas do mar. Na Europa, o maior símbolo é Veneza.

O pior é que as consequências não param por aí! A primeira vítima, de nossa espécie, do aquecimento global será a população ruiva; essas pessoas formam os dois porcento da população mundial que carrega um gene mutuante chamado MC1R que resulta em pêlos vermelhos e sardas. Cerca de 140 milhões de pessoas são ruivas, não à toa os ruivos são comumente associados aos celtico-germânicos. A primeira mutação do gene MC1R aconteceu a milhares de anos no norte da Europa, numa região extremamente fria e com luz solar insuficiente. Nossos ancestrais, ou parte deles, que habitavam esse território inóspito tinham pouca vitamina D, que só é produzida quando o corpo humano fica exposto ao sol. A mutação que originou os ruivos foi um artifício evolutivo que permitiu aos seus portadores sintetizar a vitamina D, sem exposição à luz solar. Hoje em dia, cerca de 35% dos escoceses e irlandeses possuem o gene MC1R, e quase 13% tem cabelos ruivos.

Acredite ou não, mas estudos recentes da Oxford Hair Foundation sugerem que os ruivos em breve serão extintos. Há uma razão muito convincente para que isso não seja uma piada. O planeta está esquentando em conseqüência do Aquecimento Global. Portanto, mesmo os escoceses estão recebendo muita luz do sol para produzir vitamina D. Esse é o motivo que o gene MC1R esteja se tornando desnecessário. Diferente dos refugiados ambientais de Tuvalu, que um dia poderão se mudar para a Nova Zelândia, os ruivos simplesmente não tem para onde correr.

Tuesday, September 1, 2015

O mito da relação Socialismo X Evolução Tecnológica




A maior incentivadora para o desenvolvimento tecnológico é uma coisa chamada necessidade. Infelizmente, ainda muito se fala sobre a falta de estimulo que poderia haver no socialismo para que haja a mínima competitividade e incentivo ao desenvolvimento. É uma pena acharem que praticamente só há uma forma de se estimular o desenvolvimento: Mercados de alta concorrência.

Uma forma natural de incentivo ao desenvolvimento é o Comportamento Orgânico Social. A sociedade possui necessidades e um instinto natural por eficiência procurando sempre, de algum modo, aperfeiçoar ou agilizar serviços que antes consumiam mais tempos (deste modo, foi inventada a roda, surgiram métodos para controlar o fogo, o desenvolvimento da agricultura, a tração e tantos outros progressos pré-capitalistas).

O ser humano, dotado da sua inteligência, procurou formas, durante toda a história da humanidade, de vencer os obstáculos impostos pela natureza. Desta forma, foi desenvolvendo e inventando instrumentos tecnológicos com o objetivo de superar dificuldades. Isso é absolutamente independente de qualquer organização sócio-econômica, pois trata-se puramente da necessidade de se achar soluções. Toda sociedade possui, diante das necessidades, criatividade e engenhosidade, então sempre acharemos alguma solução para o que precisarmos. Não dependemos do capital para sermos criativos ou engenhosos. Em muitos casos o próprio capitalismo torna-se uma ferramenta prejudicial ao desenvolvimento. Um exemplo disso está nas políticas de "atualizações programadas" ou na manutenção e preferência por tecnologias mais lucrativas ao invés de tecnologias sustentáveis.

Grande pensadores socialistas sempre se mostraram favoráveis à tecnologia. Karl Marx escreveu na "Crítica ao programa de Gotha" que era necessário que os trabalhadores desfrutassem de conforto material no socialismo. Marx e Engels eram entusiastas do progresso industrial, condenando os métodos pelo qual foi alcançado, Lenin era um entusiasta da tecnologia, e em sua obra política fez questão de enfatizar que o comunismo dependeria do poder soviético mais a eletrificação de todo o país (a eletricidade era, então, talvez a mais avançada forma de tecnologia humana em sua época), a era de Stalin permitiu ao homem soviético dominar a mesma força que gera o sol, a energia nuclear. Os primeiros computadores soviéticos criados no final dos anos 1940 não eram inferiores a seus análogos ocidentais. No começo dos anos 50, foi criada na URSS uma indústria moderna de computadores pessoais cujo nível não era inferior ao da indústria estadunidense.

Talvez não seja muito sabido mas a internet deve muito ao potencial soviético de transmissão de dados via-satélites, possivelmente sem os Russos, hoje não tivéssemos opções de internet a rádio. Para não nos alongarmos muito, aqui será citado somente o nome de um inventor:  Leonid Ivanovich Kupriyanovich. Sim, o russo Kupriyanovich era comunista e um engenheiro conhecido por seus inventos na área de comunicação. Ele, ainda na primeira metade da década de 1950, inventou um aparelho semelhante aos walkie-talkies, capaz de fazer ligações de até 1,5 km de distância. 

Em 1957 ele apresentou a mesma versão de seu walkie-talkie, mas com um alcance de 2 km e com o peso de 50g. Mas o engenheiro comunista não parou por aí, no mesmo ano ele apresentara o LK-1, um telefone celular que usava ondas de rádio, tinha o alcance de 20 a 30Km de distância e uma bateria que durava 20 a 30 horas. O dispositivo manual pesava cerca de 3kg e dependia de uma estação. Mas, segundo Kupriyanovich, a estação podia servir a vários clientes. Ele patenteou seu telefone celular em 1957 (Certificado № 115494, 1.11.1957). Em 1958, no Instituto de Investigação Científica de Voronej (VNIIS), Kupriyanovich iniciou a pesquisa por um sistema próprio de comunicação celular. Suas descobertas científicas eram constantemente publicadas na mais famosa revista sobre tecnologia editada na União Soviética, a Nauka i Jizn. Em 1958, Kupriyanovich fez uma versão ainda menor da sua invenção. O aparelho do engenheiro soviético não apenas permitia ao usuário fazer ligações, como também recebê-las de telefones residenciais e também de telefones de rua. 

Em 1961, ele desenvolveu um dispositivo ainda menor que o de 1958, que cabia na palma da mão, e tinha um alcance de mais de 30km. Kupriyanovich inventou o telefone celular apenas incentivado pela necessidade de comunicação à longas distancias, ele não queria ficar trilhardário e explorar os consumidores com o monopólio do serviço que o seu invento poderia prestar. Tanto é que acredita-se que o telefone celular foi inventado em 1973 nos EUA, porque a Motorolla tinha planos para explorar comercialmente o aparelho; que só foi posto no mercado em 1979 a um custo de US$ 3700,00 e fazendo ligações que custavam de 24 a 40 centavos o minuto. Enquanto os estadunidenses propagandeavam os serviços do aparelho que estavam vendendo, o invento de Kupriyanovich, lá em 1963, era basicamente usado por quem tinha real necessidade do serviço, como médicos, em hospitais, e por taxistas pela URSS. É por essas e outras que dizem que “a propaganda é a alma do negócio”.

O importante é perceber que o socialismo não limita a tecnologia. Até se citarmos os video games, veremos que não houve qualquer cingimento, pois foram também os soviéticos os responsáveis pelo jogo mais distribuído na história, sendo até hoje, um dos principais jogos referências do árcade - O lendário "Jogo Mental Soviético" Tetris. O comunismo jamais impediria a existência de smartphones ou mesmo de jogos de video games, e nem significaria que esses jogos fossem ultrapassados ou pouco desenvolvidos, isso só dependeria da necessidade da sociedade e a dedicação e curiosidade de algum realizador em trabalhar nisso.

A livre concorrência junto com a iniciativa privada, busca o lucro, então o que se deseja não é o bom funcionamento de algo para um melhor usufruto da população, mas sim retornos financeiros cada vez maiores. Isso permite que os concorrentes se vejam como inimigos comerciais e buscam dificultar o êxito alheio, pois isso significaria a sua derrota. Mas é justamente essa lógica, como previamente citada, que emperra o livre desenvolvimento tecnológico. Sem o capitalismo, nós poderíamos estar ainda mais evoluídos tecnologicamente.