O mercado de fato funciona? As urnas são confiáveis, há de fato liberdade sob o capitalismo? Basta olharmos ao nosso redor para suspeitarmos que não. No dia 24/03 o economista Delfim Netto teve um artigo de sua autoria publicado no site da revista Carta Capital (http://www.cartacapital.com.br/revista/842/a-unica-saida-5722.html). O seu artigo argumenta que o socialismo é uma mentira e que só o livre mercado e a democracia é que podem, de forma eficaz, acabar com a pobreza e a desigualdade. Netto cita o mercado (mas ignora que ele é historicamente manipulado, cenário de crimes financeiros, altamente corrompível e ditado pela burguesia) e a urna (sem admitir que ela é comprovadamente manipulada, pouco segura, altamente corrompível e, claro, também ditada pelas elites) como elementos desse valoroso processo; ao ler isso você tem todo o direito do mundo de rir e rir alto, caso tenha bom humor e seja tolerante. Mas se não quiser rir, tudo bem, Delfim é de fato um velho rabugento que volta e meia enxe o saco alheio com as suas sandices. Vejamos, a espinha dorsal do capitalismo é a sua desigual distribuição de riquezas, pois sem ela não há como se fazer fortunas, porém é com ela que se perpetua a miséria, assim o mundo vê muitos com pouco e poucos com muito (em todos os sentidos); nada mais capitalista! Como esse sistema pode acabar com a pobreza? Mas o próprio Delfim já admitiu que o comunismo sempre salva o capitalismo em tempos de graves crises.
Delfim Netto sabe que de tempos em tempos, ressurge a figura do "espectador imparcial" para corrigir o curso do capitalismo. A história mostra que o capitalismo, ciclicamente, passa por terremotos econômicos. Netto afirmou que essa necessidade de se corrigir esse sistema falho já estava presente na obra do filósofo escocês Adam Smith, considerado o pai do capitalismo, ao criar o previamente citado "espectador imparcial". Trata-se de uma figura que impõe regras de comportamento adequadas aos capitalistas: não roubar, não praticar o monopólio, ter respeito aos cidadãos (tudo disso solenemente ignorado desde sempre). Então muitas vezes, indo de encontro ao que o liberalismo prega, o Estado é obrigado a encontrar saídas para salvar a economia de mercado; um mero exemplo disso é o "New Deal" de Roosevelt, que só é contestado pelos liberais xiitas míopes. O estúpido não é errar e depois admitir o erro, mas sim sempre persistir com o mesmo erro, como se não houvesse nenhuma outra opção; assim é a humanidade, forçada a ser estúpida por não poder optar por outra solução, por um outro sistema.
Está provado que o capitalismo é absolutamente falho, mas a minoria que se beneficia desse sistema, tem poder suficiente para impô-lo sobre a maioria pobre, explorada, oprimida e manipulada. Netto aponta como erros cabais da URSS, a corrupção política e sucessivos erros econômicos; mas é exatamente isso que os governos capitalistas mais fazem, e quando até se atrevem a se omitir e deixar tudo à cargo da "mão invisível" do mercado, irremediavelmente o mundo mais uma vez mergulha numa crise financeira. Netto comete o descalabro que afirmar que na Rússia de 1917 havia uma vanguarda partidária que convencera o mundo intelectual de que tinham o segredo de organizar a sociedade para a felicidade geral. O velho rabugento ignora o fato de que na Rússia, e não somente lá, a revolução foi popular, foi a ralé, o povão, os miseráveis, os explorados, as vítimas do sistema que fizeram a revolução, não foram os catedráticos e intelectuais. O citado Lenin, em seu texto, não convenceu necessariamente ninguém, ele só dizia e escrevia o que todos ali percebiam e não mais agüentavam: O sistema é falho injusto e impiedoso, a humanidade pode e deve lutar por uma mudança de sistema. Nomes como o de Lenin apenas sugeriram uma direção.
O problema é que durante a experiência socialista soviética, o país foi sabotado de todos os lados, lutou inúmeras guerras externa e internas, travou batalhas políticas e econômicas, foi boicotado e vítima da mídia mercenária ocidental. Tudo isso porque o país se atreveu a dar uma banana para o capitalismo e aplicar o socialismo na realidade russa de então. Bastou no fim do anos 80 a URSS passar por uma crise, que o ocidente covardemente atacasse de todas as formas os soviéticos como hienas traiçoeiras. O intrigante é que a URSS só passou por isso uma única vez em toda a sua história, os países capitalistas passam por isso todos os anos! Como o capitalismo funciona assim? É uma estupidez insistir com ele.
Deixando de lado o obviamente inconclusivo texto de Delfim Netto. Pergunte a si mesmo(a) qual seria a solução para a humanidade hoje? Foram pouquíssimas as experiências anarquistas e socialistas registradas pelo mundo, enquanto há milhares de exemplos infrutíferos do capitalismo em todos os continentes. A minha pergunta é: Se o socialismo não funciona, onde o capitalismo realmente dá certo? Não dá para se ter capitalismo sem desigualdade e injustiça, mas ingênuos de todas a idades (incluindo os idosos, como Delfim) acreditam que sim.
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