A evidente limitação da dualidade onde se edificou a precária pseudociência da praxeologia, a qual é usada como refúgio teórico para muitos liberais, denuncia a sua ridícula desonestidade intelectual. Quem leu algo do economista austríaco Ludwig VonMises, provavelmente já deve ter visto a palavra "praxeologia", mas o que é essa tal palavra? A praxeologia é resumidamente uma falácia liberal usada como estratégia teórica para justificar o pensamento que promove as políticas liberais.
Mas o que é mesmo uma pseudociência? Bom, basicamente uma pseudociência é um agrupamento relativamente lógico de prováveis inverdades que são vendidas como ciência. Exemplo: astrologia, caracterologia, criacionismo científico, grafologia, memética, ovinologia, parapsicologia, psicanálise, etc.
O austríaco Karl Popper definiu o socialismo como uma pseudociência apenas baseando-se no critério de demarcação do falsificacionismo criado por ele próprio nos anos 30. Popper se esforçou bastante na tentativa de desqualificar o socialismo, mas só convenceu quem muito se sugestionou a isso. Basicamente, a Falseabilidade é uma propriedade que tem uma asserção, hipótese ou teoria de poder ser provada como falsa. Por exemplo, a asserção "todos os urubus são pretos" poderia ser falseada pela observação de um urubu amarelo. Mas se quisermos ser honestos, não podemos limitar as conclusões a isto; mesmo os pensadores liberais estando ávidos por essas migalhas conclusivas. Nesse aspecto Popper é o velhinho na praça que joga migalhas para os pombos liberais que são atraídos por meras versões cientificistas completamente deterministas e irresponsavelmente simplistas. Popper ignorou o fato de que dentre outras coisas, as verdades do comunismo são absolutamente científicas. Mas além disso, se pegarmos como exemplo o marxismo, veremos que a ciência é apenas um dos elementos diversos que o compõe. A dinâmica social é plural e os socialistas não estão alheios às tendências que surgem dela.
Se Popper tivesse o mesmo apetite para com a praxeologia, como teve com o socialismo, teria um prato cheio para denunciar a sua precária lógica indefensavelmente dualista como uma pseudociencia safada. Mas vale lembrar que Popper era liberal e inclusive até ajudou a fundar a Sociedade Mont Pèlerin com Ludwig von Mises. Assim, Karl Popper não se propôs a essa tarefa de analisar friamente a tal praxeologia, até porque Ludwig Von Mises, amigo de Popper, era devoto da mesma, que é uma mera metodologia que tentar explicar a lógica da ação humana, geralmente, baseada na ideia de que os seres humanos possuem comportamentos propositais, ao contrário de comportamentos reflexivos como espirros e comportamento inanimado.
Ludwig von Mises fez um uso ridículo de sua hipótese praxeológica no desenvolvimento de suas teorias econômicas. Para quem não sabe, Mises é considerado o ícone da Escola Austríaca de Economia. A maior obra de Mises é a chamada “Ação Humana”, onde ele apresenta o método da praxeologia. Os economistas da Escola Austríaca continuam usando a hipótese praxeológica, ao invés de estudos empíricos, para determinar os princípios econômicos. Para outros economistas, a praxeologia seria responsavelmente no máximo uma sub-disciplina da economia. Ainda assim, muitos liberais são devotos da praxeologia e ainda defendem a cientificidade da mesma, inclusive até se definem como praxeologistas, mesmo tendo sido demonstrado inúmeras vezes que sua epistemologia é pífiafiamente pseudocientífica. Vale frisar que nos seus delírios, Mises nega a própria realidade, e rejeita o método científico nas ciências humanas e sociais na construção da praxeologia. Mises tenta estabelecer “leis” imutáveis a partir de um único axioma, além dele ter acrescentado hipóteses ad hocs e ter argumentado através de Ipse Dixit (falácia lógica: argumento pela afirmação).
Mises distingue o que ele chama de “ação” do comportamento instintivo. Ação seria um comportamento que é feito com alguma intenção em mente, ou seja, um objetivo-orientado. Apesar de admitir a possibilidade de explicações materialistas, ele argumentava que os pressupostos do dualismo e da livre-vontade são necessários para uma “ciência” da ação humana (resumindo: ele falou com palavras bonitas que devemos enaltecer explicações metafísicas de caráter inverificável para que sua “ciência” funcione. Porém, o nome disso se chama pseudociência!). É claro que, além disso, tem o problema de derivar todo um sistema de fé baseados em um único axioma em economia. Vemos que até um louco internado em um sanatório seria mais sóbrio que o catedrático austríaco. Mises ainda fugiu do problema ao fazer uma distinção clara entre “ação” e “instinto” que não existe na psicologia e nas ciências cognitivas (na verdade, ele descarta toda a psicologia, antropologia, et cetera, portanto, ele foi incapaz de fazer qualquer previsão).
Em resumo, tenha em mente que a praxeologia é uma pseudociência de caráter inverificável, que parte de um único axioma e de premissas dualistas. É forçar muito a barra querer aplicar a praxeologia na economia. Apesar de alguns liberais ainda cultuarem a praxeologia, é interessante notar que estes mesmos se rebelam contra o marxismo e o socialismo usando o mesmo tipo de “desculpa”, i. e., chamando o marxismo de pseudociência e confundindo socialismo com marxismo. Mas esquecem da evidente limitação da dualidade onde se edificou a precária pseudociência da praxeologia.
Após ler seu artigo, pude concluir que:
ReplyDelete1. Você não se utiliza de nenhum meio para escrever esse artigo, você não utiliza um computador, nem sua internet e nem seus dedos.
2. Você não busca nada ao escrever esse artigo, ao escrever esse artigo você está apenas obedecendo a um instinto do seu sistema nervoso.
3. Esse artigo não é resultado de seu comportamento propositado, esse artigo é algo que surge de forma espontânea da natureza.