Milton Friedman foi um economista liberal do século XX. Ele fundou Escola Monetarista de Chicago. Foi um dos principais defensores do liberalismo econômico e um dos idealizadores do neoliberalismo. Friedman tentou em uma palestra convencer a sua platéia de que certos países ocidentais não ficaram ricos devido a escravidão ou mesmo devido aos recursos que extraíram das suas colônias. Ele falhou miseravelmente.
Friedman mostra um notável cinismo ao falar da história. Os fatos simplesmente não concordam com o que ele sugeriu. Ele diz que o capitalismo é necessário para a liberdade, mas não o suficiente. Bom, de fato, não é suficiente porque o capitalismo simplesmente não envolve liberdade alguma. Sob o referido sistema, a propriedade privada já está abolida para nove décimos da população, ou seja, se trata de um privilégio puramente elitista. Para começo de história, o sistema precisa de propriedades privadas, permanente resquício do feudalismo, que por si só já é uma demonstração da falta de liberdade. Pagamos pedágios, taxas ou algo similar para simplesmente ter acesso a locais públicos, se não tens dinheiro, o teu direito de ir e vir está cerceado.
Para ele, a Inglaterra não tinha escravos. Sabemos que ele tinha noção do envolvimento da Inglaterra com o comércio de escravos africanos, Friedman não era tolo, só tentou se fingir. Mas a riqueza inglesa veio também através da exploração de suas colônias, que também usavam escravos, mão de obra gratuita.
Segundo Friedman, o Japão não teve escravos nos 100 anos desde a restauração Meiji. O Japão é o maior exemplo de colonialismo na Ásia, não vale a pena se prolongar nisso. Mas é bom lembrar que essa política japonesa foi uma reprodução daquilo que o próprio país foi vítima. A partir de 1850, as nações ocidentais passaram a desenvolver estratégias políticas que pressionavam a abertura política e econômica japonesa. Em 1854, sob o comando do almirante Perry, uma esquadra norte-americana impôs a abertura dos portos nipônicos ao mercado mundial. Por meio de sérias ameaças militares, os japoneses foram obrigados a assinar tratados comerciais com diferentes países. E aí, Friedman? Não vemos liberdade nisso.
Segundo ele, o colonialismo sempre custou mais para a metrópole do que retribuiu em benefícios econômicos. Mas o exemplo dado, que cita a Índia como colônia custosa para a Inglaterra, não foi feliz. A Índia, terra das especiarias, foi uma grande colônia para a Inglaterra e era economicamente vantajoso explorar o país, que na época abrangia também a região do atual Paquistão e Bangladesh. Por que acham que houve uma guerra pela independência da Índia? Se não fosse lucrativo, os ingleses jamais gastariam recursos enviando e mantendo tropas para impedir a independência indiana.
Para ele, o colonialismo ocidental foi muito bom, especialmente para as colônias, mas então ele cita que só havia colonialismo de fato na URSS; porém aí, ele firmou que o colonialismo em questão era muito ruim. Então ele deixa claro a sua parcialidade, resultante de uma desonestidade intelectual deplorável.
Vejamos, para o maluco, a URSS era uma nação imperialista impiedosa, ao mesmo tempo em que afirmou que os EUA nunca foi um país colonialista! A Doutrina Monroe não era soviética, muito menos a “Política do Big Stick” aplicada no continente americano. Não vou citar os episódios de invasão e anexação de territórios Mexicanos, ou como a política dos EUA influenciava os países latino americanos. Em 1776, os EUA, eram as 13 colônias e em 1865 já era o território atual. Isso graças ao maior genocídio da história, dos nativos americanos. Um processo análogo ao imperialismo, para fomentar crescimento econômico, visando alta aquisição de territórios, acesso a matérias primas e criação de mercado consumidor. Sem a expansão territorial norte americana, e o secular uso do trabalho escravo, eles não estariam em par com os europeus na primeira guerra mundial.
Friedman até tentou, mas falhou miseravelmente.
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